Okei. Vou fazer um parênteses na sequência dos posts pra escrever sobre um assunto que há muito vem pentelhando meu juízo, mas que por algum motivo ainda não teve uma guest appearence aqui no meu blog.
Preciso conversar com vocês sobre um assunto sério dessa vez. Sei que tal tema é super batido, mas vivenciando-o diariamente sinto a necessidade de falar sobre ele.
Tenho observado muito o dia a dia dessa casa: família normal, pai e mãe felizmente casados há 10 anos, dois filhos pequenos, o pai tem uma empresa que constrói telhados e trabalha de segunda à sexta. A mãe trabalhava num hospital 8 dias por mês, mas hoje começou uma faculdade de enfermagem, especializada em crianças, em Zürich de segunda a sexta também o dia todo, porém o horário dela vai variar com o decorrer do curso.
O pai é aquela coisa de sempre, trabalha fora, chega cansado, acha que trabalho que conta é o trabalho externo e que cuidar da casa e dos filhos não é trabalho, é lazer. Não entende nem porque as mulheres reclamam tanto, afinal é só passar um pano aqui e lavar um prato ali que tá tudo lindo. Não bate um prego numa barra de sabão, não tira um prato da mesa depois das refeições, não passa um pano nem o aspirador de pó em canto nenhum, MUITO raramente faz algo pras/com as crianças que não seja brincar e não sabe nada sobre os horários e hábitos deles. Ou seja, o que eu costumo chamar de UM GRANDE MERDA.
A mãe é o que eu costumo chamar de Mulher Maravilha, trabalha fora, cuida da casa e das crianças sozinha (antes de mim ela não tinha ninguém). Quando estamos no papel de filha, não nos tocamos muito do trabalho do CÃO que é cuidar de uma casa sozinha, é um trabalho interminável que NINGUÉM nota, a não ser quando não é feito. Por ser muito ativa, é da natureza dela estar sempre se ocupando com alguma coisa, ou seja, ela não pára um minuto! Embora, na verdade, nem se ela quisesse ela poderia parar. Cozinha, limpa, lava, passa, passa aspirador de pó, ajeita a cozinha, lava banheiro, ajeita as crianças (isso dura o dia todo) e fora isso tudo, ainda tem que trabalhar fora e ser a melhor no trabalho, estudar e ser a melhor aluna que puder, tem que se depilar, pintar o cabelo, fazer as unhas, usar maquiagem, estar sempre cheirosa e arrumada........ cansaram né?
E vale salientar, que na maioria esmagadora das vezes, os nossos queridos homens, maridos, namorados, noivos e cia não notam absolutamente nada disso, mas vá você, querida leitora, aparecer com as sobrancelhas por fazer, axilas, pernas e etc por depilar e com cara de cansada, mesmo depois de um dia de cão, pra ver quanto tempo você continuará chamando seu homem de SEU. HA-HA-HA!! Nós somos mesmo umas antas paralíticas!!! Tanto buscamos igualdade e o raio que o parta, que agora estamos aí, com uma carga de trabalho e responsabilidades sobre-humanas e não podemos fazer nada sobre isso, a não ser que decidamos abrir mão de alguma coisa nas nossas vidas: emprego, maternidade, faculdade ou o bom e velho tempo livre/hobbies. Normalmente, decidimos abrir mão do nosso tempo com a gente mesma, porque é da nossa natureza nos doar praqueles e por aqueles que amamos. Pois é, é isso que aguarda as solteiras ou é isso que as casadas (ou au pairs) já estamos vivendo.
Como assim au pairs? Explicarei: agora que a mãe começou a universidade, por pelo menos umas 2 ou 3 semanas pra frente ela ficará tendo aulas o dia todo (ela ainda não tem o horário definido), vale salientar que ela tem que estar na estação de trem de Sargans (10 min de carro) às 6:30 pra pegar o trem pra Zürich (1 hora). Ou seja, meu dia começa às 7:00 da manhã, quando tenho que ajeitar a menina pra colégio (detalhe: o pai está aqui, acordado, mas quem tem que fazer sou eu!) e só termina depois de ajeitar a cozinha após o jantar e deixar as crianças prontas pra dormir. Ou seja, EU VIREI ELA!! Tenho todas as obrigações e tarefas que ela tinha, fazer faxina TODOS OS DIAS (passar aspirador de pó, passar pano, limpar banheiro, colocar lixo pra fora), levar o menino pra passear 3 vezes por semana na cidade ou no parque, fazer compras no supermercado (mais de 6 km daqui ida e volta), ajeitar a cozinha, fazer almoço e jantar, estender roupa no varal e me virar em um milhão pra entreter a danada da guria que parece que tem pimenta no fundo. Meus únicos horários livres são as tardes das segundas e quintas, que na verdade não estou livre coisa nenhuma, estou na aula; de noite, das 8 às 9:30/10 horas quando TENHO que dormir; e os finais de semana, que normalmente estou tão cansada que nem tenho vontade de sair de casa.
É, eu sei. Tô lascada. Também sei que preciso conversar com ela sobre isso, não tenho condições de trabalhar essa quantidade de horas, porque simplesmente não dá tempo de estudar, quiçá fazer alguma coisa pessoal. Meu alemão está quase como chegou e do jeito que vai indo continuará da mesma forma, a não ser que eu dê um jeito nisso! Mas é aí que entra a complicação da história. A relação que tenho com ela não é uma relação meramente profissional, se tornou muito mais que isso, nós conversamos sobre tudo, ela me conta coisas pessoais e eu também, ela já fez absurdamente muito por mim o tempo todo que estive aqui e vice-versa, mas acima de qualquer coisa posso dizer que ela tem carinho por mim. Não tenho NADA pra falar sobre ela e sei que ela não está fazendo isso por maldade ou pra me explorar... eu que sou muito besta, sou prestativa demais e me doou demais pras pessoas que gosto, o tempo foi passando e eu fui fazendo mais do que devia, ajudando demais, sendo muito solícita e agora estou aqui, com uma corda no pescoço. Tenho que ter uma conversa estupidamente desagradável com ela, tenho que dizer que não tá dando, que ela vai ter que arrumar outra forma, outra pessoa pra ficar com as crianças, porque o certo é que eu trabalhe 6 horas por dia e não 12 horas como estou trabalhando. Decidi que vou deixar passar essa semana que é a primeira semana da faculdade, mas depois vou ter que conversar com ela de todo jeito. Tenho pensado muito se devo falar algo logo agora e dizer que por umas 2 semanas tudo bem, que é o tempo dela se organizar, mas que depois ela vai ter que fazer algo sobre isso, não posso ficar nessa situação, muito menos dependendo do horário dela, pra se ela estiver aqui estou livre, senão tô trabalhando. Não dá! Preciso ter meu horário certo. Tô absurdamente confusa e indecisa sobre o que fazer, acho que consegui passar um pouco do que têm acontecido e nesse post específo agradeceria muito que quem leu até o fim deixasse comentários com sugestões de como devo agir. E desde já, obrigada.
Então, Pri. Vcs tem que conversar mesmo, urgentemente. Explica pra ela que o papel da aupair é tomar conta das CRIANÇAS. Você não é obrigada a cozinhar, passar, lavar e fazer compras pra família inteira. E se vc tá trabalhando mais do que deve, já é trabalho de nanny, ou aupair plus, e o salário tem que aumentar.
ReplyDeleteLá em casa a gente tinha uma menina que ia toda semana fazer faxina, durante 3h, e a função da aupair é simplesmente deixar as coisas arrumadas (tipo, brinquedo e coisas das crianças no lugar), cuidar das crianças na ausência dos pais, e no máximo, fazer o que vcs tinham combinado previamente.
Explica tbm que é importante vc ter um tempo livre durante a semana, até pra se organizar nos estudos e não ficar 'homesick', que você precisa sair e curtir pq senão vai chegar uma hora que vc vai desabar e tudo o que vc vai querer é voltar pra casa...
E esse negócio de ser pai na europa parece que é assim mesmo. para os pais se concentra a tarefa de brincar, impressionar e deixar a criança feliz. um herói mesmo. tsc tsc. se bem que eu acho que essa proeza não é exclusividade européia não.
Então, o conselho é esse... conversa com ela, pede pra ela contratar alguém pra limpar a casa e diminuir seu horário de trabalho. Dependendo do resultado, vc ainda tem a alternativa de achar outra família ou voltar pra cá.
=*
Priss!!
ReplyDeleteque situação uó.
O pior é que foi praí sabendo que Nadine estava na espera da aceitação desde curso.
Mas você deve falar com ela sobre as horas de trabalho, você diz que o acordado foi outro.
Busca falar de maneira humilde, sem se impor, assim tudo se resolve melhor.
Espero que não precises fazer rematch.
Boa sorte!!
Chris
amoreca, pois é, concordo com as meninas... isso que nick falou é super importante, dá uma conversada com ela ou você não irá aproveitar de forma correta a viagem/experiência.
ReplyDeletesaudades de tu ;*****
Coaduno com os conselhos de Monique aqui em cima... :)
ReplyDeletePara com isso de achar que essa situação eh normal só pq o relacionamento que te tem com eles eh mais familiar do que profissional e pq eles te dão umas folgas a mais e pensa quais foram tuas prioridades quando resolveu ser au pair: amadurecimento, aprendizado de uma língua que serviria na tua vida profissional, conhecer outras culturas. Pensa se essas três coisas tão acontecendo... o amadurecimento eh fato, advém da distância de casa e das responsabilidades que se tem com trabalho, vc não precisaria virar housewife pra isso; o aprendizado da língua, como vc mesma falou, não tá acontecendo; e o ensejo de conhecer novas culturas e pessoas não será possível se nos findes vc tá tão cansada que não tem vontade de sair de casa.
Conversa com ela sim, sei que eh uma situação difícil, mas com certeza vc vai saber achar um jeito de falar e Nadine eh uma pessoa ótima, vcs vão pensar em algo pra que esse ano seja edificante pra vc e pra eles. :)
Boa sorte.
Te amo :**
Aninha
mesmo com o exemplo que tenho em casa ainda consigo me impressionar com essas criaturas que aparecem pelo meio do caminho.
ReplyDeletepenso que o complicado de se morar no local de trabalho seja essa confusão de limites. o que é trabalho? o que é "dar uma ajudinha porque afinal de contas eu moro aqui"? onde começa meu espaço? físico e temporal... é ótima essa relação com a 'mãe' [deve ser um bálsamo em meio a tanto esforço, stress e falta de tempo], mas até onde isso ajuda na questão trabalhista da coisa? afff. tudo, mas tudo mesmo tem os bons e velhos lados bom e ruim. enfim... acho que vc já tem conselho demais, e eu aqui divagando. mas tenta resolver o quanto antes. essa sua coisa de ser prestativa demais já tá passando dos limites. poxa, estar na europa e passar os preciosos dias ou se matando de trabalhar, ou morrendo de tanto cansaço não fazem parte das epopéias que seus amigos querem ouvir quando você chegar, ou ao menos ler aqui no blog.
bom foi ler o post engraçado de uma das viagens. mas penso que esteja faltando o de holanda, né?!
esteja bem!
e boa sorte.
sim!! contei que tubinho nasceu? tá lindo grande e serelepe :D acho que já vem morar conosco mês que vem. é preto com manchas brancas iguais às de naomi. [tinha de ser]
ReplyDeleteNossa, que situação! Mas ela deve ser bem mais comum do que agente pensa. O problema é que você não pode levar o prejuizo pelo machismo que reina na casa. Se o palhação não quer te pagar a mais pra fazer o serviço, que faça ele mesmo! Alguém diz pra ele que a mulher dele NAO EH empregada dele?!
ReplyDeleteE olha que na Europa a divisão de tarefas esta bem mais evoluida que no Brasil. Acho que vc deu azar mesmo, pois das seis familias que tomei conta de crianças na França, uma pai não era tão presente ou mais que a mãe na educação dos filhos.